Meu anjo-amor,
Não me deixes ler livros de poemas!
Encosta-te a mim, anjo vestido de branco!
Não vês como tremem minhas mãos
E meu corpo tacteia, como velha criança?
Serás, afinal, anjo-diabo
Que não rasga os livros de palavras duras,
Onde encontro todas as minhas dores,
E que não me castiga nem me mata
Porque tanto me deseja neste mundo?
Serias o meu anjo-deus
Se me quisesses no lado sem mar salgado!
Serias tu quem aí me aconchegaria os cobertores
E me aqueceria, finalmente, a alma e os pés frios.
Diz-me, meu anjo, aceitarias matar-me as dores do vazio?
(Vila Verde, 15/10/2011)
Sem comentários:
Enviar um comentário