The broken column, Frida Khalo, 1944

terça-feira, 5 de abril de 2011

Absurdamente ninguém


Absurdamente só, assim me sinto,
Com o mundo à minha volta, me empurrando.
Estou-me a perder por aí sem ninguém saber quem sou.
Sem ninguém perceber como, sou transparente!

Totalmente enganadora, assim me minto,
Com tudo o que me dá vida e me vai matando.
Estou a iludir-me (ai!) sem ninguém saber porque jorra esta fonte.
Sem ninguém perceber como, sou demente!

Completamente vazia, assim me visto,
Com todos vós em meu redor, me enlouquecendo.
Estou a morrer por aí sem ninguém saber como me dou.
Sem ninguém perceber como, sou má gente!

Infinitamente pobre, assim me dispo,
Com tantas riquezas a tentarem-me e me enfraquecendo.
Estou a viver, para aí, sem ninguém saber exactamente onde.
Sem ninguém perceber como, sou indigente!

 (Vila Verde, 04/04/2011)

          
(The silence, John Henry Fuseli, 1799-1801)

2 comentários:

  1. As tuas palavras atravessam-me e aninham-se em mim.
    Evocam-me meus verdes anos já então maduros... aquele tempo em que solitária e solidariamente mente respirava Florbela...
    Como te entendo minha irmã, no sofrimento!
    Beijo

    Maria

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  2. Bem vinda ao blog! Poucas palavras são necessárias quando os sentimentos são universais e eternos!

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