The broken column, Frida Khalo, 1944

segunda-feira, 14 de março de 2011

Neste dia há uma morta em festa

Neste dia há uma morta em festa!
Já disse “Amo-te!” e “Adeus!”
Já posso adormecer nesta sexta,
Falta ajoelhar-me e rezar a Deus!

Neste dia banho-me em água sem mel
 E visto-me com uma rota veste.
Pinto-me com venenos ou fel
E tatuo os cabelos, os olhos, toda a face.

Neste dia bebo todo o profano vinho
E não deixo migalhas ao pão.
Emancipo este amor menino
E entrego-me a esta amante solidão!

Neste dia não ganhei nem vã fama.
Sonho o sonho no último sono
E aqueço-me ainda na gélida cama.
É aí que (Sim!) me abandono!

Neste dia da definitiva partida
Escrevi-te todos os poemas de amor,
Dei-te toda a minha efémera vida
E crucifiquei-me (Ai!) como o Senhor!

(Vila Verde, sexta, 11/3/2011)

(Crucifixion (corpus hypercubus), Salvador Dalí, 1954)

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