Sou barata tonta ou mosca louca quando te vejo
E rodopio à volta de mim ou escondo-me sempre que, por aí, não te sinto!
És tão maior quando quase chocamos nesta dança insana,
Mas porque voz de mulher não queres que tenha, sorrio-te com a alma!
Sou joaninha que voa, voa! (E voaria p'ra Coimbra ou New York, não Lisboa!)
Sou de vermelho e preto pintada, assim vestida, assim sedutora,
E sou abelha dourada, mas de alma negra e aprisionada,
Que te procura em todos os campos, entontecida com tua cor.
Sou pulguinha preta que tanto saltita quando pressente a tua chegada
E sou também formiga cor de ferrugem, sempre para aí a caminhar.
Sou tartaruga enrugada que se arrasta muito, muito devagar
E, por vezes, sou lebre que, se te vê, enlouquece em tantos altos saltos.
Sou lagartixa a quem pisas a cauda (mas disso não te apercebes!)
E sou a cotovia que te chora toda a madrugada e todo o dia!
Sou andorinha solitária que te chama, sempre com a noite vestida
E sou rouxinol tão surdo e tão rouco que, de tão louco, será mudo!
Sou cavalo de fogo, de cor isabel, sempre, por aí, a cavalgar
E sou o porco das pérolas, que poucas tenho e todas perco!
Como és tão maior quando quase dançamos esta dança louca,
Mas porque nem alma de mulher queres que tenha, arranco-a e dou-ta!
Isabel,
ResponderEliminaradorei a descrição que fez do rouxinol "tão surdo e tão rouco, que de tão louco, será mudo!" - a perfeita descrição da paixão não correspondida!
Mariana F. Pessoa
Bem vinda Mariana!
ResponderEliminarPor vezes as melhores palavras surjem-nos quando falamos de sentimentos dolorosos, não concorda?